Foi num dia normal, um dia como outro qualquer

Foi num dia normal, um dia como outro qualquer.
Foi numa manhã de Primavera... ou terá sido uma tarde? Se calhar até ainda estava frio!
Não importa, porque foi num dia absolutamente normal e igual a tantos outros.
Talvez até nem tenha sido apenas num dia... foram vários! Vários dias absolutamente normais em que algo absolutamente diferente se foi instalando e crescendo sem avisar.

"Podemos estar em qualquer lado quando a nossa vida começa..." e a sensação foi mais ou menos essa.
Foi como se aqueles vários dias absolutamente normais, que levaram aquele momento absolutamente diferente, tivessem, de repente, acordado um sentimento que estava dormente. Dormente, cansado, esquecido...
E quando se dá por ela, existe agora algo fresco, revigorante, interessante e vibrante! Sim, vibrante! De repente, tudo tem cores diferentes, sentidos diferentes. 

"Basta uma imagem, um som, um cheiro, uma pessoa... Basta no fundo aquele clic e tudo começa a fazer sentido de uma maneira que nunca tinha feito antes..."

Há agora conversas intermináveis sobre o tudo e o nada, em que horas parecem minutos. Mensagens sem fim, com descrições exaustivas de tudo o que está a acontecer em todos os momentos do dia. 

Há risinhos adolescentes e sentimentos adolescentes, daqueles que nos enchem o peito sem deixar espaço ou vontade para mais nada que não seja viver isto, aqui e agora... já!

E o toque... bem, sendo que a pele é o maior órgão do nosso corpo e a capacidade de sentir alguém através do toque é uma das capacidades mais maravilhosas que possuímos, o toque neste caso teria de ser sempre algo de extraordinário. Teve quase sempre a imponência das primeiras vezes, das primeiras descobertas, uma sensação há já muito perdida!
Houve sempre algo de inocente, de inexplorado, mas também de extremamente erótico em cada toque, cada encosto, cada sussurro ao ouvido. Qualquer coisa, por mínima que fosse, gerava uma reacção inteiramente incontrolável e deixava todos os sentidos inebriados e confundidos.
Mas houve também uma premissa, um pressuposto, uma ideia inicial sobre a qual tudo o que se foi instalando, assentou. E foi essa ideia que permitiu que tudo isto acontecesse, florescesse e se movesse, sempre muito à margem do que era a vida real.

E durante um tempo, com mais ou menos baixos, funcionou. Foi intenso. Tudo nesta situação era intenso, até os desentendimentos...